quinta-feira, 30 de abril de 2009

A necessidade de ilusão

Cantei vitória antes de ganhar o troféu. Ainda bem que ninguém ouviu. Quer dizer, fui ouvida sim. Justamente por aquele que não deveria escutar. Aquele que me derrotou. Aquele que incorporou a fábula da tartaruga e da lebre para me fazer acreditar que eu havia ganhado. E enquanto eu pulava, me divertia, ele passou devagarzinho. E eu nem notei. Onde eu estava com a cabeça? No mesmo lugar para onde ela sempre vai quando a deito no travesseiro. Se esse lugar tivesse nome, chamar-se-ia Ilusão. Um lugar que não corresponde com a realidade. Não, não estou falando de sonhos. Sonho é futuro, ilusão é presente. Falo de um tipo de imaginação egoísta, que satisfaz a sua parte superficial. Não alimenta o coração nem preserva a alma. Não obstante, existe alegria sim. É um mundo só seu. Você pode se deslocar para tantos lugares, como uma peça de quebra-cabeça, sem mover-se. E foi lá que ganhei. Não é contradição. Ganhei o troféu e o coloquei na estante. Mas quando voltei, não havia nem estante, nem troféu. Havia um espaço vazio, dentro e fora de mim.

2 comentários:

Leonardo I disse...

Muito interessante. É irônico como ás vezes o destino espera apenas que cantemos a vitória para nos derrotar e provar quem manda ali.

Bruna Wagner disse...

Pode ser apenas consequência.
Não destino...
Não obstante, prefiro recordar.