sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Da possibilidade

Mentir, não.
Omitir, às vezes.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A verdadeira história da insensatez

Não havia galhos. Nenhum. Apenas pequenas cavidades onde eu poderia encaixar o pé. Olhei para cima novamente. E no mesmo lugar estava ela. Mais bela do que antes. Deveria eu correr o risco de tentar? Um descuido qualquer poderia me levar ao chão e, talvez, não mais me levantaria. Mas ela não só me olhava como parecia me chamar. E eu fui. Só o seu cheiro seria o suficiente para me satisfazer. Minha fome não era tão grande, o desejo de tê-la era maior. Decidi, então, só tocá-la. Não a tiraria de lá.
Vagarosamente, vislumbrando-a, subi.
Do último galho, do qual nascera, se desprendeu. E, de alguma forma, seu caule prendeu-se no tronco da árvore. Já estava lá há tempo. Como ninguém ainda havia a tirado de lá? Aposto que não seduzia apenas a mim.
Debaixo dessa árvore eu já passara outras vezes, e não a enxerguei.
Não sei se não quis vê-la ou se havia se escondido de mim. Ou, simplesmente, não percebi.
Ninguém por perto. O que há de errado? Qual seria o perigo de subir em uma árvore, sem galhos para me segurar, sem alguém para me socorrer se eu caísse, com pequenos espaços para encaixar meus pés?
Foi quando fiquei frente a frente com ela; seu perfume penetrou na minha mente, na minha alma. E a toquei. Toquei com sutileza para não machucá-la. Eu a queria inteira, sem cicatrizes. Aproximei meus lábios da sua pele. Era minha. E, com as duas mãos em volta do seu corpo, escorreguei, pois nada além dos meus pés me mantinha à árvore. E fui ao chão.
Por um momento pensei que a árvore havia me empurrado. Ledo engano. A maçã, percebendo um resquício de lucidez, lembrou-me: é pecado.

Partida ou chegada?

Por favor, saia.
Não insista em ficar.
Estou na minha, em silêncio
Tentando me controlar.
minha culpa? Sou refém...
Você forçou a entrada
Invadiu minha morada
E eu esperando por ninguém.
Seu lugar não é aqui
Não é aqui que deve estar.
O seu caminho é logo ali
Há alguém a lhe esperar.
Não pense que é tão fácil
Colocá-lo daqui para fora
Queria mesmo que ficasse
Não queria lhe madar embora.
Mas antes que seja tarde
Quero que da minha lembrança se despeça.
Vá, e não faça alarde.
Minha vida, daqui para frente, recomeça.
Mas talvez se aqui viesse
Disposto a me amar
esqueceríamos de todo o resto
Para juntos (re)começar?

Publicada no jornal O Informativo do Vale, dia 10 de novembro de 2009.

Do fim

Começo de um ponto,
Mas ele acaba comigo.
Seu nome, cruel inimigo, é ponto final.

Do medo

Socorro! Socorro!
Não consigo sair!
Estou presa nesta angústia...
Ela vai me consumir!

Você

Voltou pra quê?
Eu falei pra você ir.
Não me ligue mais
Não adianta insistir.
Os seus argumentos não me convencem
A sua verdade é a que mais doi.
Os seus sentimentos não me pertencem
Essa angústia me corroi.
Não controlei meus sentimentos
Nem o que eu disse, nem o que eu fiz.
Perdi a razão, não calculei o riscos.
Eu perdi minha paz, e você... talvez mais feliz.