segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Bogotá - Colômbia: Os outros também pensam, mas também não sabem

Fui a uma livraria comprar um caderno, um dicionário (esqueci meu dicionário de Inglês!), uma caneta azul e uma vermelha. Escolhi o dicionário e o caderno, o que foi fácil. Quando fui escolher as canetas, pedi um esfero azul e um esfero vermelho. A vendedora muito simpática pegou a caneta azul, mas a vermelha não. Então me perguntou: Que quieres? Ai… como se diz vermelho em español??? Apontei para um lápis vermelho, para mostrar a cor, e ela então disse: -Ah sí, rojo! Respondi: -Sí, esto. E algumas meninas que estavam do meu lado, conversando, disseram: -Un día yo voy hablar Inglés! Me intrometi na conversa: -Sí, yo hablo Inglés, pero soy Brasileña! Conversamos um pouco sobre o Brasil, samba…essas coisas que caracterizam o país(…). Comprei tudo o que quería e saí. Mas continuei pensando sobre o que havia acontecido na loja. Não por ter aprendido que vermelho é rojo (e depois soube que a cor roxa é morado aqui). Mas sim, como os colombianos e outros extrangeiros pensam que sou Inglesa, Norte Americana, Francesa. Por enquanto, ninguém disse ou pensou que sou Brasileira.
Assim como quando estava prestes a vir para cá, todos me diziam para cuidar com o tráfico de drogas, com as guerrilhas e tal, as pessoas daqui pensam que no Brasil todos são mulatos ou negros; que o país é imenso, mas só conhecem São Paulo ou Rio de Janeiro, ou porque estiveram lá ou porque ouviram falar. Quando digo que sou do Brasil, exclamam: Samba! Quando muitas vezes me pedem para sambar (ainda bem que eu sei…).
Bogotá é uma cidade enorme, com muitos pontos turísticos; o trânsito é extremamente intenso; as pessoas – a maioria delas – são muito acolhedoras e amigáveis. Quando saio com alguém para tomar um café, uma cerveja, um sorvete, nunca me deixam pagar. Mesmo que eu insista (isso é quase um insulto).
Ao dizer que sou do Sul, onde em muitas regiões a origem alemã predomina, as pessoas entendem porque sou branca, loira, de olhos claros. Mas mesmo assim dizem que não pareço brasileira.
Estou tentando explicar que o Brasil tem muitas culturas, muitas origens; que não é só samba (infelizmente trouxe poucas músicas brasileiras), Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Calypso (sim, Calypso).
Chego à conclusão óbvia que, para falar de qualquer coisa, é necessário conhecê-la, ou pelo menos ler sobre, pesquisar. Tudo o que disseram daqui – ou quase tudo – entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Sei que é uma capital, sei que há perigos, mas definitivamente é habitada por seres humanos, como em qualquer lugar do mundo.
Vou ter que fazer muita caipirinha. É o que mais me pedem. Mas vou tentar incluir doses de cultura e informação, principalmente sobre o Rio Grande do Sul.

PS.: Dentre muitos ótimos motivos de falar Inglês, um deles é que, se eu não quero falar com alguém, posso dizer: I don’t speak Spanish… E todos vão acreditar. Muitos nem sabem que no Brasil se fala Português. (Terei sorte se a pessoa não falar Inglês).

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Desencontro

Eu indo.
Enquanto você
Vindo.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Do caminho

Pode ser que tudo isso passe
Que apenas nos perdemos para nos encontrar
mas temo que volte para o mesmo caminho
E eu permaneça no mesmo lugar.

Dois lados

Eu sou sonho, você é realidade.
Eu sou mentira, você é verdade.
Eu sou completa, você é metade.

Eu sou o desvio, você é o caminho.
Eu sou a água, você é o vinho.
Eu sou o pássaro, você é o ninho.

Eu posso ser, e você, se quiser.

Do gosto

Gosto de gostar de alguém
que pensa que gosta de mim.

Da dúvida

Se tudo o que passou foi verdadeiro
Quero permanecer na realidade
Mantendo os pés no chao
E esperando a outra metade.
Mas se o que vivemos foi um sonho
Dele nao quero acordar
Pois continuo nele esperando
A hora de te encontrar.

Bogotá - Colômbia: Divagaçoes

Sentada em frente à casa onde moro, aqui em Bogotá, vejo, acima dos meus olhos, montanhas. Nuvens escuras tornam o céu cinza. Onde também há beleza. Nem tudo o que é belo é claro, nem iluminado. Depende de como se vê, e de quem vê, é claro.
Na minha cabeça um turbilhao de ideias. No coraçao, sentimentos de todos os tipos, cores e tamanhos.
Nao sei mais o que é rotina. E entao percebo que a rotina faz parte da vida. Isto porque o que vivo agora é passageiro. Feliz ou infelizmente. Nao sei como será daqui para a frente. É difícil crer que estou tao longe, e principalmente aceitar que a tecnologia aproxima as pessoas, ainda que artificialmente. Apesar de que através dela percebo o quao importante sou para àqueles que me cercam, e como sao especiais a mim também.
Ouvi, dias atrás, que quando estamos longe de quem amamos, amamos mais. E a justificativa para tal afirmaçao: nao vemos os defeitos deles. Passo a acreditar nisso agora. Na minha memória, somente momentos bons. Isso nao significa que estar distante é melhor, mas sim, como somos mesquinhos muitas vezes. Reclamar, julgar, pisar na bola. Nao digo que jamais farei queixas ou reclamaçoes. Mas pensarei duas ou três vezes. E aproveitarei cada instante quando alguém estiver ao meu lado. Em qualquer lugar.
Do lado de fora, um mundo de desconhecidos. Do lado de dentro, mantenho todos que quero bem. Poderia estar rodeada de pessoas e estar só. Mas nao estou. Estou muito bem acompanhada, obrigada.

Colômbia - Bogotá: A caminho do novo

Quantas vezes eu quis ir a tantos lugares, mas sempre tive medo de arriscar, de perder o que eu não tinha e ficar aqui. Aqui onde tudo parece mais tranquilo, onde quase todos se conhecem, onde tudo parece sempre igual. Pode ser que isso seja medo fantasiado de conformismo. E ter medo faz parte, principalmente medo de errar.

Cheguei à conclusão de que a segurança é incerta, e que quando a oportunidade bate à porta, ela não errou de endereço. E foi o que aconteceu. A oportunidade surgiu na hora certa, no momento certo. Decidi, portanto, mudar a rotina, mudar o rumo, me aventurar. Estou de malas prontas para ia a Bogotá, na Colômbia, realizar intercâmbio. Estudarei um semestre em uma universidade pública, morarei em uma casa de estudantes; um mundo completamente novo e desconhecido, o qual já faz parte do meu mundo.

Depois de toda a burocracia que enfrentei, de ter que ir a São Paulo para fazer o Visto de estudante, de ter que pedir demissão, de chorar muito, de receber muito apoio das pessoas e de fazer muitas festas de despedida, muitas delas com os mesmos amigos, percebi que está valendo a pena todo este esforço. Esforço significando coragem, vontade. Se algum dia tive medo de viajar de avião, já não tenho mais. Se antes realizar um intercâmbio era um sonho distante, agora não é mais.

Tenho certeza que muitos têm o mesmo sonho e a mesma vontade de fazer tudo isso. Porém, quando envolve dinheiro, empenho, burocracia e saudade, a possibilidade de viajar pode tornar-se impossível. Mas não é.

Até agora não entendo como eu estou conseguindo. Na verdade, às vezes nem acredito. De qualquer forma eu vou, acreditando ou não.

Estou a caminho do novo, de novos sentimentos, novas sensações, novas verdades e novas descobertas.

A vida é feita de escolhas. E eu decidi viver.




Do momento



Será que tudo o que eu deixar

- sentimentos, pessoas, verdades -

Estará aqui, da mesma maneira

Quando eu voltar?